Pesquisa italiana constatou a presença de compostos nocivos à saúde na maioria das amostras coletadas após o nascimento dos bebês
Depois de analisar amostras de leite materno de 34 mães saudáveis, coletadas uma semana após o parto, uma pesquisa conduzida em Roma, na Itália, fez uma descoberta alarmante: cerca de 75% das participantes (26 mulheres) apresentaram vestígios de microplásticos no alimento dado ao bebê.
A pesquisa, desenvolvida na Universidade Politécnica de Marche, em Ancona (Itália), e publicada na revista científica Polymers, identificou a presença de compostos de polietileno, PVC e polipropileno no leite – substâncias que, em geral, se encontram em embalagens de plástico. Além disso, para os cientistas, é provável que partículas menores que 2 mícrons (unidade de medida microscópica) também estejam presentes no alimento, embora não consigam analisá-las.
Até então, sabe-se que compostos de plásticos como esses contêm produtos nocivos à saúde, mas o real impacto causado no organismo segue desconhecido pelos cientistas. “Ainda não há conhecimento sobre o possível efeito de microplásticos e contaminantes relacionados no recém-nascido. Portanto, há uma necessidade urgente de mais estudos. Esta deve ser uma prioridade de pesquisa em saúde”, afirmou o professor Dick Vethaak ao portal de notícias britânico The Guardian.
O pesquisador liderou um estudo publicado em março deste ano, conduzido na Vrije Universiteit, em Amsterdam (Holanda), que detectou microplásticos no sangue humano.
De onde (possivelmente) os microplásticos vieram?
A primeira hipótese levantada para compreender a origem dos compostos de plástico encontrados no leite materno foi analisar o consumo de frutos do mar e alimentos ou bebidas procedentes de embalagens plásticas pelas mães, bem como o uso de produtos de higiene pessoal contendo plástico. No entanto, não foi encontrada nenhuma relação dessas práticas com o resultado das amostras.
Os pesquisadores sugerem, portanto, que a contaminação pode ser devido à presença onipresente dos microplásticos no meio ambiente, tornando a exposição humana inevitável. “Será crucial avaliar maneiras de reduzir o contato com esses contaminantes durante a gravidez e a lactação”, afirmou Valentina Notarstefano, da Universidade Politécnica de Marche, na Itália, ao The Guardian.
A equipe de pesquisa ainda aconselha as gestantes a evitarem o consumo de alimentos embalados em plástico, bem como a exposição a cosméticos, produtos higiênicos e roupas contendo microplásticos. “Estudos como o nosso não devem reduzir a amamentação de crianças, mas sim conscientizar o público para pressionar a promoção de leis que reduzam a poluição por esses compostos”, completou Valentina.
Fonte: terra.com.br